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“Nenhum ser humano é ilegal”: uma reflexão sobre o Dia Internacional dos Migrantes

por Fernanda Carmo, analista de projetos sociais na Casa Dom Luciano Mendes de Almeida, da Fundação Fé e Alegria

Equipe da Casa de Acolhida Dom Luciano Mendes de Almeida, de Fé e Alegria, em São Paulo (SP).

 

Hoje, 18 de dezembro, celebramos o Dia Internacional dos Migrantes, instituído pela Assembleia Geral da ONU em 2000. Esta data nos convida a reconhecer a contribuição dos migrantes no âmbito social, econômico e cultural, enquanto promove a conscientização sobre os desafios que enfrentam. Também reforça a solidariedade global e lembra aos líderes mundiais o compromisso de proteger os direitos dos migrantes, garantindo acesso à saúde, educação, moradia e assegurando uma migração segura, digna e ordenada.

 

A frase “Nenhum ser humano é ilegal”, popularizada pelo ativista Elie Wiesel nos anos 1990, segue ecoando em movimentos pelos direitos dos migrantes. O dia de hoje ressalta que migrar é um direito humano fundamental. Não se trata apenas de cruzar fronteiras, mas de preservar vidas, proteger dignidades e buscar oportunidades para reconstruir histórias interrompidas por guerras, crises econômicas e desastres naturais.

 

Desde 2019, dedico-me ao trabalho com migrantes e refugiados, uma jornada que começou com uma experiência transformadora de voluntariado na Colômbia. Foi lá que testemunhei os desafios da migração forçada, vividos por pessoas obrigadas a abandonar suas casas em busca de segurança e dignidade. Essa vivência moldou minha compreensão sobre a resiliência humana e consolidou meu compromisso com o apoio humanitário a indivíduos e famílias em situações de extrema vulnerabilidade.

 

Segundo o Relatório Mundial sobre Migração da Organização Internacional para as Migrações (OIM) de 2024, atualmente existem cerca de 281 milhões de migrantes internacionais no mundo, dos quais 117 milhões são deslocados forçosamente por conflitos, violência ou desastres naturais. No Brasil, a Lei de Migração (Lei nº 13.445/2017) reflete um marco importante ao garantir direitos fundamentais, promovendo a integração digna e combatendo a xenofobia e o tráfico de pessoas.

 

Como trabalhadora humanitária e colaboradora de Fé e Alegria na Casa de Acolhida Dom Luciano Mendes de Almeida, localizada em São Paulo (SP), tenho como missão contribuir para uma sociedade mais justa e inclusiva. Junto à equipe, buscamos ir além da assistência imediata, promovendo a integração, a autonomia e o empoderamento dos migrantes e refugiados, sempre guiados pelos princípios humanitários.

 

Este dia nos convida a refletir sobre a migração como uma realidade global que deve ser abordada de forma humana, responsável e sustentável. Que essa celebração inspire ações concretas, fortalecendo políticas públicas eficazes e uma solidariedade global que reconheça os direitos, a dignidade e as potencialidades de todos os migrantes e refugiados.

 

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Fernanda é graduada em Ciência Política pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, com pós-graduação em Gestão Pública pela PUC Paraná e, atualmente, cursa Direito na Universidade São Judas Tadeu. Com cinco anos de experiência em migração e refúgio, trabalhou em instituições como a Cáritas Arquidiocesana de São Paulo (CASP) e a Cáritas Brasileira – Regional São Paulo. Para Fernanda, é fundamental atuar em organizações que estejam comprometidas com os princípios humanitários, garantindo que a dignidade e os direitos das pessoas em situação de vulnerabilidade sejam respeitados e promovidos em todas as ações.

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